Editorial

Oposição, diálogo e democracia

Desde que os absurdos crimes contra a democracia brasileira ocorreram no último domingo, em Brasília, um ponto em comum chama atenção: a agilidade e veemência com que a imensa maioria das instituições, poderes e veículos de imprensa se manifestaram de forma dura contra a ousadia dos radicais que, ao invadirem Congresso, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto, buscavam criar o ambiente perfeito para, ao extremo, haver um golpe de Estado. No entanto, tão relevante quanto a reação destes setores da sociedade é a convergência que tem levado políticos dos mais diferentes partidos e posições ideológicas a convergirem no sentido de repudiar tal golpismo.

Como o leitor do Diário Popular tem notado, nos últimos dias o Jornal tem destacado os posicionamentos das principais lideranças da Zona Sul nas mais variadas áreas. Com exceção de algumas entidades importantes que inexplicavelmente preferiram o silêncio diante da barbárie ou de alguns poucos agentes públicos tresloucados que insistem em usar de mentiras e extremismos para incentivar a violência, fato é que há unidade contra o radicalismo criminoso simbolizado pelos atos de domingo. Um dos mais representativos exemplos disso é o encontro ocorrido ainda na segunda-feira entre a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB), o vereador Cesar Brisolara (PSB) e o juiz Ricardo Hamilton. Chefes, respectivamente, dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em Pelotas, os três uniram forças na defesa da democracia e divulgaram firme nota conjunta neste sentido.

Na esteira disso, ontem a sessão representativa da Câmara de Pelotas também teve discursos centrados no rechaço aos crimes contra o Estado brasileiro. Manifestações que, vale frisar, partiram de parlamentares de partidos cujas atuações cotidianas são marcadas pela oposição ferrenha de ideias, mas que, frente a um tema maior, mostram grandeza ao preservar a maior de suas missões políticas, que é a intransigente proteção do regime democrático. Um louvável exemplo dos vereadores.

As inegáveis violações simbolizadas pelo quebra-quebra nas sedes dos três poderes da República não tiveram sucesso no ideal de ruptura. Porém, espera-se que tenham servido, ao menos, para relembrar a toda a sociedade que o diálogo é vital, que o respeito às escolhas feitas em processo eleitoral é inegociável. E que a democracia só resiste quando defendida, inclusive e principalmente por quem pensa diferente em quase tudo.​

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